Porque a semana chegou trazendo frio e eu estou encharcada de Thiago de Mello, na falta de "um bom lugar pra ler um livro", ofereço o blog e compartilho esta delícia de poema para dar um respiro aos que apreciam boas letras.
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Para os que virão...
Como sei pouco, e sou pouco,
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo, sobretudo, de deixar de ser
apenas a solitária vanguarda de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
(Dura no peito, arde a límpida verdade
dos nossos erros.)
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando
Thiago de Mello
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Thiago de Mello* - meu (outro) poeta preferido - porque tenho muitos...