segunda-feira, 13 de junho de 2016

A Professora de matemática

Bem sei que o nosso título nos remete às redações dos anos iniciais do ensino fundamental, mas eu pretendo falar apenas do sujeito - A professora de matemática.
Sinceramente, eu não imaginava quem seria meu primeiro sujeito, muito menos sobre qual núcleo seria o primeiro texto. Mas ela, a professora, chegou em minha sala de trabalho e, durante os vinte ou trinta minutos em que esteve falando baixo e rouco, me convenci de que deveria ser considerada, mesmo não fazendo parte de um dos núcleos da moda - políticos, atletas, artistas ou grupos e associações em movimentos reinvidicatórios ou revolucionários.
Não pedi permissão para publicar seu nome, mas creio que não haverá exposição em dar suas caracteristicas: 46 anos - muito moça ainda. Magra, sem nenhuma ostentação de vaidade: jeans, sapatilha, baby look, cabelo loiro natural amarrado em rabo de cavalo e uma bolsa azul enorme.
Queria aposentar-se. Com pouquíssimas palavras procurou sobre seus direitos e tempo de serviço e, por nada, chorou pedindo desculpas: "estou deprimida, estou doente...". A conversa não era comigo, mas confesso que quase chorei junto.
Contou-nos que fazia jornada tripla, sem acrescentar os cuidados da casa, filhos e marido. E eu me perguntei "por que trabalhar tanto?" - E eu me respondi mil respostas.

Sujeito: a professora de matemática.
Núcleo do sujeito: professor(a).
Núcleos afins: sociedade em geral.

Nada a ver com valores ou valorização da classe. Os pontos de debate são incontáveis, mas o que me intriga hoje são as atribuições dadas ao professor.
Realizem: final de semana de "festa junina" e lá vou eu ver meu sobrinho dançar quadrilha - Os professores (maioria das vezes 'professoras') e demais funcionários da escola, que trabalharam a semana inteira atendendo a trocentos alunos, preparando lições, atividades, provas, etc, etc, etc... estão de volta, fora do horário de trabalho, devidamente caracterizados para o evento, arrastando suas turmas para uma apresentação ensaiada exaustivamente, para espectadores totalmente desatentos.
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Qual é a verdadeira competência do professor?
É, de fato, papel da escola promover entretenimento e/ou adentrar em outras áreas que dizem respeito a princípios e particularidades do núcleo familiar?

Qualquer pessoa pode amar a sua profissão e dedicar-se a ela com todo o seu tempo e sua energia, mas que não vá além da sua competência.

Se sou professora de matemática terei o maior prazer em ensinar matemática e ver o progresso dos alunos... o resto é silêncio.

8 comentários:

  1. Tomar a liberdade de fazer o primeiro comentário.
    Pertinente. Seria muito importante uma discussão séria sobre o assunto. Os casos de professores esgotados, sobrecarregado são muitos.

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    1. Boa tarde, Jonas!
      Bom seria se essas discussões acontecessem e contribuissem para o "bem geral da nação".
      Obrigada por visitar, ler e comentar.

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    2. Com certeza esse tema deve ser discutido para avançarmos em todo o processo educativo. É lamentável termos que trabalhar os três turnos para podermos ter uma vida digna. E tudo é um círculo. Professores esgotados e sobrecarregados não deveria ser a regra do nosso sistema.

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    3. Com certeza esse tema deve ser discutido para avançarmos em todo o processo educativo. É lamentável termos que trabalhar os três turnos para podermos ter uma vida digna. E tudo é um círculo. Professores esgotados e sobrecarregados não deveria ser a regra do nosso sistema.

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    4. Com certeza esse tema deve ser discutido para avançarmos em todo o processo educativo. É lamentável termos que trabalhar os três turnos para podermos ter uma vida digna. E tudo é um círculo. Professores esgotados e sobrecarregados não deveria ser a regra do nosso sistema.

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    5. Tem razão, Lídia. E o que mais me intriga (conforme mencionei no texto) são as responsabilidades terceirizadas e o trabalho que se estende para além do expediente e do compromisso profissional. Creio que esse sistema tem sua origem nas campanhas eleitoreiras.
      Obrigada por comentar.
      Beijos.

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  2. Primeiro parabenizar esse "sujeito" que criou esse blog. Encantada...
    As discussões são urgentes, cada vez mais professores adoecendo: a síndrome de Burnout - a doença do esgotamento profissional. Fico triste por saber que tais discussões não são realizadas no âmbito escolar. É necessário uma reformulação do sistema educacional.

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    1. Uau, Suzanne!!! Encantada estou eu por ter você como leitora e comentarista. Obrigada por prestigiar. Se não for muita pretensão, espero que minhas humildes escritas possam servir melhorar um pouquinho o sistema.
      Beijo.

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